UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE – UFAC.
CENTRO DE EDUCAÇÃO, LETRAS E ARTES – CELA.
CURSO LETRAS PORTUGUÊS – DPLE.
DISCIPLINA DIDÁTICA APLICADA.
DOCENTE SOCORRO HOLANDA.
ADRIANA
ALVES DE LIMA
ERISON BENTO
DA SILVA
SUZANA
NASCIMENTO DE LIMA
WILLIANICE
SOARES MAIA
RIO BRANCO-ACRE
JANEIRO/2010
1. É
preciso uma Didática que proponha mudanças no modo de pensar e agir do
professor e que este tenha presente à necessidade de democratizar o ensino.
Este é concebido como um processo sistemático e intencional de transmissão e
elaboração de conteúdos culturais e científicos. É evidente que a Didática,
por, não é condição suficiente para a formação do professor crítico.
Não
resta dúvida de que a tomada de consciência e o desvelamento das contradições
que permeiam a dinâmica da sala de aula são pontos de partida para a construção
de uma Didática crítica, contextualizada e socialmente comprometida com a
formação do professor.
Esse
fragmento foi extraído do texto de Olga Teixeira, faço das palavras da autora
nossas palavras, pois só no momento em que tivermos consciência e a preocupação
com os nossos alunos, no sentido de que não venhamos a ser só meros
reprodutores do conhecimento, mas produtores do conhecimento. A grande
importância é que venhamos despertar esse desejo no aluno e instigá-lo a
pensar, a refletir e criar o seu próprio ponto de vista, quando conseguirmos
alcançar este ideal, e tomarmos consciência disso estaremos proporcionado
conhecimentos necessários para o homem atual, porque este será capaz de tomar
suas próprias decisões, saberá discutir, argumentar, etc.
2. a) Ponto de vista de
sua teoria e de sua prática - A educação escolar
percorreu um longo caminho do ponto de vista de sua teoria e sua prática.
Vivenciada através de uma prática social específica – a pedagógica – esta
educação organizou o processo de ensinar-aprender através da relação
professor-aluno e sistematizou um conteúdo e uma forma de ensinar
(transmitir-assimilar) o saber erudito produzido pela humanidade. Este conteúdo
e esta forma geraram diferentes teorias e diferentes práticas pedagógicas que,
ao enfatizarem ora quem ensina, ora quem aprende, ora os meios e os recursos
utilizados, sintetizaram diferentes momentos da produção da sobrevivência
humana. Esta variedade de teorias e práticas pedagógicas não foi criada por
acaso.
b) Ponto de vista da produção humana – Do
ponto de vista da produção da sobrevivência humana, é através das instituições
sociais que determinada relação social de produção é concretizada. A escola, a
igreja, a família, por exemplo, possuem funções específicas que contribuem para
estabelecer, desenvolver e manter uma sociedade. Assim, o trabalho que cada
instituição realiza não é restrito, apenas, à sua prática específica. Ele
possui uma finalidade social determinada pela prática que o fundamenta.
(pág.13).
3. Sócrates,
Platão, Aristóteles, na antiguidade, e Santo Tomás de Aquino, na Idade Média,
representam bem o pensamento da época ao desenvolverem e difundirem, como
filósofos e educadores, suas concepções de mundo. Apesar de viverem em momentos
diferentes seus estudos e reflexões pedagógicas convergiram para um ponto
comum: desenvolver no homem sua essência ideal de forma a atender as
necessidades que as justificam. Levando em conta a estratificação social
predominante na sociedade desta época, o homem a ser desenvolvido era o que
compunha a classe de homens livres. A ele eram conferidas todas as
prerrogativas humanas.
Ø Para
Platão a educação “deve proporcionar ao corpo e à alma toda a perfeição e
beleza de que são suscetíveis”;
Ø Para
Aristóteles deve “moldar a matéria com a energia do sentido contido na noção de
forma humana”;
Ø Para
Santo Tomás de Aquino deve ser “uma atividade em virtude da quais os dons
potenciais se tornam realidade atual”.
Estes
filósofos-pedagogos definiram a educação do homem através de um ideal de moral,
de formação do caráter, de hábitos, do domínio de paixões, da justiça, do
desenvolvimento intelectual e artístico, etc. Para conduzir o educando ao
alcance deste ideal foi utilizada uma prática pedagógica baseada em dogmas na
autoridade do mestre, na disciplina. (pág. 14,15).
4. Durante
o Renascimento, a partir do modo de produção feudal, são desenvolvidas,
contraditoriamente, as condições e necessidades sociais para uma mudança
fundamental na história da existência humana: o advento da do capitalismo.
Assim que a burguesia entra em cena, a individualidade, a igualdade e a
liberdade do homem, condições para o desenvolvimento do capital, passam a ser
bandeiras de luta das relações sócias emergentes.
Se
para a sobrevivência das respectivas relações sociais de produção do mundo
antigo e medieval a educação escolar era um privilégio e necessidade de
determinada classe social, para atender as necessidades do capitalismo, ela foi
instituída como um direito de todos. E é neste momento em que se iniciam
transformações fundamentais no modo de produção de sobrevivência humana que a
bandeira da democratização do ensino é levantada como responsabilidade do
Estado. É agora defendida a escolarização para todos, pois a burguesia
necessitava desenvolver um novo homem que pudesse contribuir para transformar,
através do trabalho, as antigas relações sociais predominantes. A educação
escolarizada deveria, agora, ser um direito de todos uma vez que o triunfo do
capitalismo pressupunha, também, o desenvolvimento de um certo nível
intelectual de compreensão do mundo.
5. a) Entre os séculos
XVII e XVIII – Aqui Didática tinha como objeto o Método,
e abrange o ensino de conhecimentos, atitudes e sentimentos e a faz servir, com
ardor, à causa da Reforma Protestante, e esse fato marca seu caráter
revolucionário, de luta contra o tipo de ensino da Igreja Católica Medieval.
b) Entre os anos 60 e 80
– Nessa
época começaram a ser introduzidos os princípios de uma tecnologia educacional
importada dos Estados Unidos. Dado o seu caráter multiplicador, o ideário
renovador-tecnicista foi-se difundindo. Ou seja, deixou seu enfoque geral pelo
individual. (pág.33).
c) Dos anos 90 até a
atualidade - Nesse momento há uma cooperação
professor/aluno. Novos modos de interpretar o fenômeno Ensino como modelagem/armazenagem,
ora o entende como desenvolvimento/desabrochamento. Orientações práticas
derivadas de teorias diferentes desencadeiam a necessidade de encontrar um nome
para um procedimento e uma reflexão que se alteram: se chamam o ensino em
“direção da aprendizagem”, exigem nova denominação para a disciplina que dele
se ocupa. A Didática tem uma determinada contribuição ao campo educacional que
nem outra disciplina poderá cumprir. E nem a teoria social ou a econômica, nem
a cibernética ou a tecnologia do ensino, Nem a psicologia aplicada à Educação
atingem o seu núcleo central: o Ensino. Esse núcleo, que tantas vezes ficou
obscurecido pelo conceito de Método, algo que deveria ser entregue, ”presenteado”
ao professor, e outras pela relevância do sujeito-aluno, unilateralmente e
individualmente, sem que pudesse discernir a dialético professor – aluno (no
singular, como no plural) que deve nortear as pesquisas sobre o processo.
6. A
retrospectiva histórica da Didática abrange duas partes: na primeira é abordado
o papel da disciplina antes de sua inclusão nos cursos de formação de
professores a nível superior, compreendendo o período que vai de 1549 até 1930;
a segunda parte procura reconstruir a trajetória da Didática a partir da década
de 30 até os dias atuais.
O período de 1549/1930 –
Os jesuítas foram os principais educadores de quase todo o período colonial,
atuando, aqui no Brasil de 1549 a 1759.
No
contexto de uma sociedade de economia agrário-exportadora-dependente, explorada
pela Metrópole, a educação não era considerada um valor social importante. A
tarefa educativa estava voltada para a catequese e instrução dos indígenas, mas
para a elite colonial, outro tipo de educação era oferecido.
Não
se poderia pensar em uma prática pedagógica e muito menos em uma Didática que
buscasse uma perspectiva transformadora na educação.
Os
pressupostos diluídos no “Ratio” (Ratio Studiorum, cujo ideal era a formação do
homem universal, humanista e cristão), enfocavam instrumentos e regras
metodológicas compreendendo o estudo privado, em que o mestre prescrevia o
método de estudo, a matéria e o horário; as aulas, ministradas de forma
expositiva; a repetição visando repetir, decorar e expor em aula; o desafio,
estimulando a competição; a disputa, outro recurso metodológico era visto como
uma defesa de tese. Os exames eram orais e escritos, visando avaliar o
aproveitamento do aluno.
Por volta de 1870,
época de expansão cafeeira e da passagem de um modelo agrário-exportador para
um urbano-comercial-exportador, o Brasil vive o seu período de “iluminismo”. No
campo educacional, suprime-se o ensino religioso nas escolas públicas, passando
o Estado a assumir a laicidade. É aprovada a reforma de Benjamim Constant
(1890) sob a influência do positivismo. A escola busca disseminar uma visão
burguesa de mundo e sociedade, a fim de garantir a consolidação da burguesia
industrial como classe dominante. É assim que a Didática, no bojo da Pedagogia
Tradicional leiga, está centrado no intelecto, na essência, atribuindo um
caráter dogmático aos conteúdos; os métodos são princípios universais e
lógicos; o professor se torna o centro de aprendizagem, concebendo o aluno como
um ser receptivo e passivo. A disciplina é a forma de garantir atenção, o
silêncio e a ordem.
O
período de 1930/1945: A Didática é
tradicional, cumpre renová-la.
No
âmbito educacional, durante o governo revolucionário de 1930, Vargas constitui
o Ministério de Educação e Saúde Pública. Em 1932 é lançado o Manifesto dos
Pioneiros da Escola Nova, preconizando a reconstrução social da escola na
sociedade urbana e industrial.
Entre
os anos de 1931 e 1932 efetivou-se a
Reforma Francisco Campos. Organiza-se o ensino comercial; adotando-se o regime
universitário para o ensino superior, bem como organiza-se a primeira
universidade brasileira.
O período situado entre
1930 e 1945 é marcado pelo equilíbrio entre as
influências da concepção humanista tradicional (representada pelos católicos) e
humanista moderna (representada pelos pioneiros). Para Saviani (1985, p. 276) a
concepção humanista moderna se baseia em uma “visão de homem centrada na
existência, na vida, na atividade”. Há predomínio do aspecto psicológico sobre
o lógico. O ensino é concebido como um
processo de pesquisa, partindo do pressuposto de que os assuntos de que tratam
o ensino são problemas.
Para
CANDAU (1982, P. 22), os métodos e técnicas mais difundidos pela Didática
renovada são: “centros de interesse, estudo dirigido, unidades didáticas,
métodos dos projetos, a técnica de fichas didáticas, o contrato de ensino,
etc...” A Didática, assim concebida propicio a formação de um novo perfil de
professor: o técnico.
O
período de 1945/1960: o predomínio
das novas ideais e a Didática
Em
1946, o Decreto- Lei nº 9053
desobrigava o curso de Didática e, já sob a vigência da Lei Diretrizes e Bases,
Lei 4024/61, o esquema de três mais um foi extinto pelo Parecer nº 242/62, do
Conselho Federal de Educação. A Didática perdeu seus qualificativos gerais e
especiais e introduz-se a Prática de Ensino sob a forma de estágio
supervisionado.
É
importante frisar que, nesta fase, o ensino de Didática também se inspirava no
liberalismo e no pragmatismo, acentuando a predominância dos processos
metodológica em detrimento da própria aquisição do conhecimento. A Didática se
voltava para as variáveis do processo de ensino sem considerar o contexto
político-social.
O
período pós-1964: os descaminhos da
Didática
O
período compreendido entre 1960 e 1968
foi marcado pela crise da Pedagogia Nova e articulação da tendência tecnicista
assumida pelo grupo militar e tecnocrata.
O
enfoque do papel da Didática a partir dos pressupostos de Pedagogia Tecnicista
procura desenvolver uma alternativa não psicológica, situando-se no âmbito da
tecnologia educacional, tendo como preocupação básica a eficácia e a eficiência
do processo de ensino. Essa Didática tem como pano de pano de fundo uma
perspectiva realmente ingênua de neutralidade científica.
A
partir de 1974, época em que tem
início as aberturas graduais do regime político autoritário instalado em 1964
surgiram estudos empenhados em fazer a crítica da educação dominante,
evidenciando as funções reais da política educacional, acobertada pelo discurso
político-pedagógica oficial.
A década de 80: momento
atual da Didática
A
luta operária ganha força, passando a se generalizar por outras categorias
profissionais e, dentre elas, os professores. É nessa década que os professores
se empenham para a reconquista do direito e dever de participar na definição da
política educacional e na luta pela recuperação da escola pública.
Assim,
o enfoque da Didática tem uma com os pressupostos de uma Pedagogia Crítica, é o
de trabalhar no sentido de ir além dos métodos e técnicas, procurando associar
escola-sociedade, teoria-prática, conteúdo-forma, técnico-político,
ensino-pesquisa, professor-aluno. Ela deve contribuir para ampliar a visão do
professor quanto às perspectivas didático-pedagógicas mais coerentes, com nossa
realidade educacional, ao analisar as contradições entre o que é realmente o
cotidiano da sala de aula e o ideário pedagógico calcado nos princípios da
teoria liberal, arraigado na prática dos professores.
Na
década de 80, esboçam-se os primeiros estudos em busca de alternativas para a
Didática, a partir dos pressupostos da Pedagogia Crítica. A Didática crítica
busca superar o intelectualismo formal do enfoque tradicional, evitar os
efeitos do espontaneísmo escolanivista, combater a orientação desmobilizadora
do tecnicismo e recuperar as tarefas especificamente pedagógicas, desprestigiadas
a partir do discurso reprodutivista.
7. O
objeto de estudo da Didática deveria ser o Ensino, mas um ensino voltado para
realmente ensinar, um ensino preocupado com a aprendizagem do aluno, deixando
de lado ideologias, política, divisão de classes.
No
momento em que o Ensino se tornar a prioridade para as pessoas que intitulam
conceitos à Didática, pensamos que a partir daí, ela alcançaria sua verdadeira
função e o propósito pela qual houve a necessidade de criá-la. “arte de
ensinar”, ou seja, procurar melhores maneiras para se chegar a um objetivo: a
aprendizagem. Colocando em foco os dois lados o professor e o aluno.
O
professor no sentido de qualificá-lo melhor tanto a questão de conhecimento
como uma boa remuneração, para que o mesmo não escolha a sala de aula só como
um meio de sobrevivência, mas com um comprometimento de mediar o conhecimento e
a partir dele instigar e construir um aluno crítico.
O
aluno no sentido de que, o mesmo possa participar da aula, dos debates, possa
dar seu ponto de vista, porque a partir dessa vivência o aluno vai construindo
o seu aprendizado e a Didática cumpre o seu papel.
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