1. Conforme
se pode observar na leitura de Brandão (1994), a constituição da linguagem
tinha como base somente os estudos dicotômicos sobre língua/fala proposto por
Saussure, que em seu estudo fez apenas o recorte da língua, como se esta fosse
imutável, abstrata, descartando o sujeito.
A
partir dessa conceitualização proposta por Saussure é buscou-se uma compreensão
de estudos de linguagem, não mais centrado somente na língua, mas também no
sujeito e modos de produção social que estes são produzidos.
Para
Maingueneau há duas formas de ver o campo lingüístico: primeiro é a hierarquia
e segundo é a dualidade inescapável, ou seja, não eu não posso fazer um estudo
de linguagem sem levá-la em consideração.
No
texto Novas Tendências em Análise do
Discurso, Maingueneau afirma que “o
reconhecimento desta dualidade em nada diminui o caráter conflituoso desta
situação: as fronteiras entre as duas zonas não são de forma alguma demarcada
com antecedência e constitui inevitavelmente o objeto de um debate incessante.
Além disso, aqueles que trabalham sobre a vertente “discursiva” da linguagem,
oscilam entre duas atitudes; alguns aceitam a partilha do campo, outros sonham
com uma “lingüística do discurso” que desestabilizasse totalmente o núcleo
central”. (pág. 12).
Portanto,
percebe-se que para Mainguenau existe um núcleo rígido, e que nesse núcleo quem
não consegue ser cientista da linguagem “faz análise do discurso”.
A
lingüística opõe de forma constante um núcleo que alguns consideram “rígido”,
há uma periferia cujos contornos instáveis estão em contato com disciplinas
vizinhas (sociologia, psicologia, história, filosofia, etc.)
O núcleo rígido se dedica ao estudo
da “língua” no sentido saussuriano, enquanto o termo “discurso” se remete à
linguagem apenas a medida que esta faz sentido para os sujeitos inscritos em
estratégias de interlocuções em posições sociais ou em conjunturas históricas. (pág.
12).
2. Faço
a defesa positiva, acredito que as investigações e pesquisas lingüísticas se
aliam as investigações e pesquisas sócio-históricas, pois de acordo com
Mainguenau, a AD se “apóia crucialmente sobre os conceitos e os métodos da
lingüística, mas este não é uma evidencia, um traço bastante discriminador. Na
verdade, é preciso levar em consideração outras dimensões; a AD relaciona-se
com textos produzidos: nos quadros de instituições que restringem fortemente a
enunciação, nos quais se cristalizam conflitos históricos, sociais e um espaço
próprio.” (pág. 13).
A
Análise do Discurso se apóia da materialidade lingüística e das pesquisas
sócio-históricas, ou seja, um discurso carrega uma ideologia, se dá em um
momento histórico em um espaço. Só que de acordo com leitura do texto de
Mainguenau, esta não é a única possibilidade de se falar em análise do discurso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário