A
EVOLUÇÃO DO PROJETO ESTÉTICO E IDEOLÓGICO DA NARRATIVA BRASILEIRA
Ao se falar da
evolução na narrativa brasileira, devemos nos voltar para a Europa, pois foi lá
o início dos movimentos literários.
Nas espécies clássicas temos o poema épico que sofreram
uma evolução no decorrer das inovações. O poema épico contém fatos que
engrandecem um povo e exalta os feitos de seus heróis. O épico espelha a
virtude e o espírito de um povo.
Na epopéia clássica apresentam-se cinco partes:
proposição, invocação, ofertório, narração, epílogo.
Essa narrativa foi se modificando e chegando ao Brasil,
onde podemos perceber a grande mudança dos heróis clássicos.
A narrativa, os romances não resistiram na Antiguidade.
Surge na Idade Média, com o romance de cavalaria, como ficção sem base
histórica. No Renascimento, fantasia e realismo aliam-se para compor o romance
pastoril e sentimental. No século XVII o romance barroco traz longas e
complicadas aventuras sentimentais, sendo mal vista pela estética clássica. É
nesse contexto surge a narrativa moderna com D. Quixote.
De acordo com Silva (1984) [1]
“no panorama dos modernos estudos literários, a formulação épica do discurso é
ainda uma lacuna que implica empobrecimento teórico, verificado no estudo das
epopéias modernas.”
A teorização clássica do gênero épico, que se torna
inoperante frente à produção épica moderna, dando-nos a falsa impressão de que
o épico, prendendo-se a uma épica cabe apenas o percurso que vem do classicismo
Greco-romano até o Renascimento, a partir daí, perde-se por completo a
perspectiva crítico evolutiva do gênero épico. Os Lusíadas, de Camões seriam a
última obra a merecer a denominação de epopéia.[2]
Aqui no Brasil, temos “Uruguai” de José Basílio da Gama
que ainda nos remete a epopéia clássica contendo ainda os mesmos elementos, só
que o herói é os índios Cacambo, não têm, mas o elemento maravilhoso. Na
narrativa brasileira em algumas das obras que foram apresentadas como
“Uruguai”,[3]
“Caramuru[4]”,
“Macunaíma[5]”,
“Guaran[6]i”
até “O Mulato”[7].
Vamos ter uma significativa mudança pois até todas as narrativas construídas
seguiam os cânones clássicos, o perfil de herói era aquele que lutava pelo
coletivo, era fisicamente bonito entre outros. Portanto vamos ter na narrativa
brasileira heróis fragmentados, modificados pelo meio em que vivem, iram
apresentar as ideologias vigentes da época em que foram escritas. Nas obras
citadas anteriormente a personagem do herói aparece não mais nas mãos dos deuses mas seu destino agora está nas mãos do
criador. Nessa perspectiva Bakhtin em sua Estética
da criação verbal aborda que
Todos os componentes de uma obra nos são
dados através da reação que eles suscitam no autor, a qual engloba tanto o
próprio objeto quanto a reação, e nesse sentido que o autor modifica todas as
particularidades de um herói, seus traços, características, os episódios de sua
vida, seus atos, pensamentos, sentimentos, do mesmo modo que, na vida, reagimos
com um juízo de valor a todas as manifestações daqueles que nos rodeiam.[8]
O autor pode até ter uma empatia pelo
herói, mas é preciso deixar sua vontade de lado e ir até o fim para mostrar
através desse herói o que ele pretende mostrar na e para a sociedade,
tornando-se de cunho objetivo.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
BAKHTIN, Mikhail. Estética da Criação Verbal. Trad. Maria
Ermantina Galvão Pereira. Martins Fontes. São Paulo, 1997. Coleção Ensino
Superior.
SILVA, Anazildo. V. Semiotização Literária do discurso do
Discurso. Rio de Janeiro, 1984.
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