O presente trabalho tem
por finalidade apresentar uma sucinta análise do filme “Sempre amigos”. O filme conta a história de dois garotos tão diferentes e da linda amizade que nasceu
entre eles. Kevin sofre de uma doença degenerativa, porém é um superdotado. Max
apesar de ser forte não consegue assimilar o conhecimento.
Nosso objetivo é destacar
como é vista a deficiência no âmbito escolar e na sociedade, destacar as
características da deficiência de cada um dos protagonistas e como é possível
reverter à situação de fracasso enfrentado por Max.
A partir desse trabalho
que é uma pequena demonstração de nossa preocupação acerca das pessoas que
possuem alguma necessidade especial esperamos contribuir para que esses
conceitos e paradigmas sejam quebrados de uma vez por todas.
No decorrer da disciplina
temos visto que não nascemos todos iguais, e que há diferenças marcantes que
nos diferenciam uns dos outros. Só que essas diferenças nos fazem respeitar as
atitudes e modos de vida de cada indivíduo.
O filme “Sempre amigos” nos mostra um contexto
histórico de uma sociedade preconceituosa que não tinha como objetivo inserir
as pessoas com necessidades especiais “nesse grupo”. Essas pessoas que
compunham essa sociedade ainda não tinham sido mordidas pelo “bichinho da acessibilidade”, até
conhecerem Kevin Dillon, que por causa desses paradigmas impostos pelo
preconceito, percorreu várias cidades até encontrar um lugar onde pudesse levar
uma vida normal. Quanto ao fator sócio-econômico a família de Kevin era
abastada em contra partida a família de Max que era de parcos recursos. Ambos
viviam em uma cultura preconceituosa, onde não havia espaço para pessoas com
deficiências e nem com limitações. Estes por sua vez deveriam se encaixar nas
normas impostas pela escola e pela a comunidade em que viviam.
Fazendo um paralelo entre
as personagens Maxwell Kane e Kevin Dillon, percebe-se que Max não tinha uma
deficiência intelectual, o que ele tinha era um trauma de infância, uma vez
que, quando ele era pequeno ele presenciou o próprio pai matando a mãe. Tudo
começou quando o pai levou-o para a cama e pediu que ele fechasse os olhos e
colocou uma blusa em seu rosto e disse que ficaria tudo bem. Então quando o
garoto acordou sua mãe estava morta e ele era a única testemunha ocular do
fato. O menino vai ao tribunal depor em desfavor do seu próprio pai, a partir
de então ele cria um bloqueio e não consegue falar, nem nos tribunais, nem nos
demais dias de sua vida.
A partir daí os
noticiários o apelidou de “menino mudo”, “garoto sem cérebro”. Quando Max
encontra-se com Kevin sua vida toma um novo rumo, pois este é um garoto super
inteligente, porém com um tipo de síndrome que o tornara deficiente.
Filho de mãe solteira,
que possuía uma condição financeira muito boa e investia em busca do tratamento
do filho, o apoiava, pois Kevin só possuía limitações física, sua inteligência
ultrapassava os limites para um criança da sua idade. Contudo, Kevin era
portador de uma síndrome que impedia que os ossos e cartilagens externas crescessem
quanto mais o tempo passava, mais os órgãos internos cresciam e por a estrutura
externa não aumentar respectivamente, ficavam os órgãos internos cada vez mais
apertados, causando falta de oxigênio e, por conseguinte, ele desmaiava sempre
que comia muito rápido.
No decorrer do filme “Sempre amigos” uma nova vida começa para os dois meninos, algo tende
a mudar com a chegada do Kevin. Esses dois meninos constroem uma bela amizade,
unindo força com inteligência. Em um fragmento Kevin diz “não precisamos ser amigos, sejamos parceiros, você precisa de um
cérebro e eu preciso de pernas”.
O filme demonstra que essas duas crianças possuidoras desses estereótipos vão
se tornando verdadeiros amigos, e um ajuda o outro.
Um dos fatores que nos
causa repúdio e intolerância é quando Max é zombado pelos os colegas na escola
de “menino sem cérebro”, pela discriminação no ambiente escolar e na comunidade
em que este morava. Pois onde Max passava todos “chingavam”, riam, e em nenhum
momento houve a preocupação dessas pessoas que se dizem normais quererem
ajudar, ser solidários, foi preciso a presença de um garoto com deficiência
aparecer para Max ser reconhecido como ser humano.
Outro aspecto intolerável
é quando a diretora da escola conversa com a mãe de Kevin, dizendo que ele não
poderia fazer educação física, devido sua limitação física. Essa atitude é
intolerável, pois como educadora essa pessoa que geri uma instituição escolar
não deveria possuir essa atitude.
Como foi citado
anteriormente, percebe-se que um dos fatores que contribuíram para a reversão
do fracasso de Max, foi o auxílio de Kevin, observa-se que foi necessário um
garoto com necessidades especiais para ajudar Max a falar, a ler, a escrever e
ter um bom desempenho na escola e na família.
Veja como Kevin utiliza a
metodologia diferente para mediar o conhecimento, estimular Max à leitura.
Utiliza um livro clássico da literatura que é “As histórias do Rei Arthur e os
Cavaleiros da Távola Redonda”. O que antes eram vistas como sessão de tortura,
acaba se internalizando no cotidiano desses jovens e Max começa a crescer em
suas relações escolares e com a família e acaba rompendo seus traumas. Com esse
método mesmo após a morte de Kevin, a prisão do seu pai, Max não “para no
tempo”, pelo contrário foi um estímulo maior para este escrever seu próprio
livro, ou seja, sua própria estória.
Podemos entender que o
significado do filme é que as identidades se constroem a partir das diferenças,
e que há uma contradição porque vamos buscar nas diferenças, nas imperfeições
um meio para nos unir aos outros. Hall afirma “que eu sou aquilo que o outro
não é”. O filme nos mostra outro sentido, outro olhar a respeito das
diferenças, nos leva a refletir que existe um longo caminho a percorrer não só
na estrutura da cidade, da escola, mas na consciência das pessoas que estão
impregnadas de paradigmas e preconceitos.
Não mudaríamos o final do
filme, apesar da morte de Kevin. Às vezes com a perda damos valor as coisas, as
pessoas e a vida.
Apesar da sociedade em
que estes dois jovens viviam Kevin e Max com suas atitudes e uma parceria
“inquebrável”, estes mudam os conceitos arcaicos daquela escola, daquelas
pessoas. A morte muitas vezes eterniza as pessoas, apesar de o filme ser uma
ficção, sabemos que uma verdadeira amizade vai além da morte, pois a matéria se
vai, mas as atitudes e contribuições continuam e são repassadas para outras
pessoas e gerações.
CONCLUSÃO
O
referido filme relata as dificuldades enfrentadas por pessoas que possuem
alguma limitação física e mental, se não bastasse conviver com problemas de
saúde, essas pessoas ainda são obrigadas a ouvir abusos, humilhações ou se
excluírem do meio destes que se dizem “normais”.
Que
sociedade normal é essa? É normal humilhar, maltratar as pessoas, sentir-se
superior a todos? Isso é uma sociedade normal?
Não,
pessoas normais, não se caracterizam desse jeito, o filme “Sempre amigo” serve
para que venhamos abrir os olhos e observar que qualquer pessoa está sujeita a
uma situação como essa. Não estamos isentos de ter filhos com deficiência ou
até nós próprios ficarmos assim.
E
só damos importância quando acontece conosco, enquanto é com o vizinho não nos
importamos se tem pessoas sendo humilhadas, se tem escolas adaptadas com
profissionais competentes preparados para receber essas pessoas com necessidades
especiais.
Vale
ressaltar que sempre precisamos de alguém para nos apoiar precisamos que cada
indivíduo tome consciência que temos que fazer nossa parte nesse processo de
construção de acessibilidade, não só dar acesso e sim buscar meios para esta
pessoa com necessidade especial venha estar realmente inserida nesse acesso.
REFERÊNCIAS
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós modernidade.
Traduzido pó Tomaz Tadeu da Silva e Guacira Lopes Louro: Rio de Janeiro: DPCA,
1998
SEMPRE AMIGOS. Direção: Peter Chelsom.
Produção: Jane Startz e Simon Fields. Direção de fotografia: Jhon de Borman.
Interpretes: Sharon Stone; Gena Rowlands; Harrydean Stanton; Kieran Culkin;
Elden Helson e Gilian Anderson. Roteiro: Charles Leavitt. Música: Trevor Jones.
EUA: Paris Filme, 1998. DVD (102 min.). Color. Produzido por Videolar S/A.