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domingo, 9 de novembro de 2014

ANÁLISE DO FILME "SEMPRE AMIGOS"


O presente trabalho tem por finalidade apresentar uma sucinta análise do filme “Sempre amigos”. O filme conta a história de dois garotos tão diferentes e da linda amizade que nasceu entre eles. Kevin sofre de uma doença degenerativa, porém é um superdotado. Max apesar de ser forte não consegue assimilar o conhecimento.
Nosso objetivo é destacar como é vista a deficiência no âmbito escolar e na sociedade, destacar as características da deficiência de cada um dos protagonistas e como é possível reverter à situação de fracasso enfrentado por Max.
A partir desse trabalho que é uma pequena demonstração de nossa preocupação acerca das pessoas que possuem alguma necessidade especial esperamos contribuir para que esses conceitos e paradigmas sejam quebrados de uma vez por todas.
No decorrer da disciplina temos visto que não nascemos todos iguais, e que há diferenças marcantes que nos diferenciam uns dos outros. Só que essas diferenças nos fazem respeitar as atitudes e modos de vida de cada indivíduo.
O filme “Sempre amigos” nos mostra um contexto histórico de uma sociedade preconceituosa que não tinha como objetivo inserir as pessoas com necessidades especiais “nesse grupo”. Essas pessoas que compunham essa sociedade ainda não tinham sido mordidas pelo “bichinho da acessibilidade”, até conhecerem Kevin Dillon, que por causa desses paradigmas impostos pelo preconceito, percorreu várias cidades até encontrar um lugar onde pudesse levar uma vida normal. Quanto ao fator sócio-econômico a família de Kevin era abastada em contra partida a família de Max que era de parcos recursos. Ambos viviam em uma cultura preconceituosa, onde não havia espaço para pessoas com deficiências e nem com limitações. Estes por sua vez deveriam se encaixar nas normas impostas pela escola e pela a comunidade em que viviam.
Fazendo um paralelo entre as personagens Maxwell Kane e Kevin Dillon, percebe-se que Max não tinha uma deficiência intelectual, o que ele tinha era um trauma de infância, uma vez que, quando ele era pequeno ele presenciou o próprio pai matando a mãe. Tudo começou quando o pai levou-o para a cama e pediu que ele fechasse os olhos e colocou uma blusa em seu rosto e disse que ficaria tudo bem. Então quando o garoto acordou sua mãe estava morta e ele era a única testemunha ocular do fato. O menino vai ao tribunal depor em desfavor do seu próprio pai, a partir de então ele cria um bloqueio e não consegue falar, nem nos tribunais, nem nos demais dias de sua vida.
A partir daí os noticiários o apelidou de “menino mudo”, “garoto sem cérebro”. Quando Max encontra-se com Kevin sua vida toma um novo rumo, pois este é um garoto super inteligente, porém com um tipo de síndrome que o tornara deficiente.
Filho de mãe solteira, que possuía uma condição financeira muito boa e investia em busca do tratamento do filho, o apoiava, pois Kevin só possuía limitações física, sua inteligência ultrapassava os limites para um criança da sua idade. Contudo, Kevin era portador de uma síndrome que impedia que os ossos e cartilagens externas crescessem quanto mais o tempo passava, mais os órgãos internos cresciam e por a estrutura externa não aumentar respectivamente, ficavam os órgãos internos cada vez mais apertados, causando falta de oxigênio e, por conseguinte, ele desmaiava sempre que comia muito rápido.
No decorrer do filme “Sempre amigos” uma nova vida começa para os dois meninos, algo tende a mudar com a chegada do Kevin. Esses dois meninos constroem uma bela amizade, unindo força com inteligência. Em um fragmento Kevin diz “não precisamos ser amigos, sejamos parceiros, você precisa de um cérebro e eu preciso de pernas”. O filme demonstra que essas duas crianças possuidoras desses estereótipos vão se tornando verdadeiros amigos, e um ajuda o outro.
Um dos fatores que nos causa repúdio e intolerância é quando Max é zombado pelos os colegas na escola de “menino sem cérebro”, pela discriminação no ambiente escolar e na comunidade em que este morava. Pois onde Max passava todos “chingavam”, riam, e em nenhum momento houve a preocupação dessas pessoas que se dizem normais quererem ajudar, ser solidários, foi preciso a presença de um garoto com deficiência aparecer para Max ser reconhecido como ser humano.
Outro aspecto intolerável é quando a diretora da escola conversa com a mãe de Kevin, dizendo que ele não poderia fazer educação física, devido sua limitação física. Essa atitude é intolerável, pois como educadora essa pessoa que geri uma instituição escolar não deveria possuir essa atitude.
Como foi citado anteriormente, percebe-se que um dos fatores que contribuíram para a reversão do fracasso de Max, foi o auxílio de Kevin, observa-se que foi necessário um garoto com necessidades especiais para ajudar Max a falar, a ler, a escrever e ter um bom desempenho na escola e na família.
Veja como Kevin utiliza a metodologia diferente para mediar o conhecimento, estimular Max à leitura. Utiliza um livro clássico da literatura que é “As histórias do Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda”. O que antes eram vistas como sessão de tortura, acaba se internalizando no cotidiano desses jovens e Max começa a crescer em suas relações escolares e com a família e acaba rompendo seus traumas. Com esse método mesmo após a morte de Kevin, a prisão do seu pai, Max não “para no tempo”, pelo contrário foi um estímulo maior para este escrever seu próprio livro, ou seja, sua própria estória.
Podemos entender que o significado do filme é que as identidades se constroem a partir das diferenças, e que há uma contradição porque vamos buscar nas diferenças, nas imperfeições um meio para nos unir aos outros. Hall afirma “que eu sou aquilo que o outro não é”. O filme nos mostra outro sentido, outro olhar a respeito das diferenças, nos leva a refletir que existe um longo caminho a percorrer não só na estrutura da cidade, da escola, mas na consciência das pessoas que estão impregnadas de paradigmas e preconceitos.
Não mudaríamos o final do filme, apesar da morte de Kevin. Às vezes com a perda damos valor as coisas, as pessoas e a vida.
Apesar da sociedade em que estes dois jovens viviam Kevin e Max com suas atitudes e uma parceria “inquebrável”, estes mudam os conceitos arcaicos daquela escola, daquelas pessoas. A morte muitas vezes eterniza as pessoas, apesar de o filme ser uma ficção, sabemos que uma verdadeira amizade vai além da morte, pois a matéria se vai, mas as atitudes e contribuições continuam e são repassadas para outras pessoas e gerações.
CONCLUSÃO
O referido filme relata as dificuldades enfrentadas por pessoas que possuem alguma limitação física e mental, se não bastasse conviver com problemas de saúde, essas pessoas ainda são obrigadas a ouvir abusos, humilhações ou se excluírem do meio destes que se dizem “normais”.
Que sociedade normal é essa? É normal humilhar, maltratar as pessoas, sentir-se superior a todos? Isso é uma sociedade normal?
Não, pessoas normais, não se caracterizam desse jeito, o filme “Sempre amigo” serve para que venhamos abrir os olhos e observar que qualquer pessoa está sujeita a uma situação como essa. Não estamos isentos de ter filhos com deficiência ou até nós próprios ficarmos assim.
E só damos importância quando acontece conosco, enquanto é com o vizinho não nos importamos se tem pessoas sendo humilhadas, se tem escolas adaptadas com profissionais competentes preparados para receber essas pessoas com necessidades especiais.
Vale ressaltar que sempre precisamos de alguém para nos apoiar precisamos que cada indivíduo tome consciência que temos que fazer nossa parte nesse processo de construção de acessibilidade, não só dar acesso e sim buscar meios para esta pessoa com necessidade especial venha estar realmente inserida nesse acesso. 
REFERÊNCIAS
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós modernidade. Traduzido pó Tomaz Tadeu da Silva e Guacira Lopes Louro: Rio de Janeiro: DPCA, 1998
SEMPRE AMIGOS. Direção: Peter Chelsom. Produção: Jane Startz e Simon Fields. Direção de fotografia: Jhon de Borman. Interpretes: Sharon Stone; Gena Rowlands; Harrydean Stanton; Kieran Culkin; Elden Helson e Gilian Anderson. Roteiro: Charles Leavitt. Música: Trevor Jones. EUA: Paris Filme, 1998. DVD (102 min.). Color. Produzido por Videolar S/A.






















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