Universidade
Federal do Acre – UFAC.
Centro
de Educação Letras e Artes – CELA.
Curso
de Letras Português – DPLE.
DIDÁTICA
APLICADA
Rio Branco – Acre.
FEVEREIRO/2010.
ADRIANA ALVES DE LIMA;
ERISON BENTO DA SILVA;
RAYKA MOREIRA;
SUZANA NASCIMENTO DE LIMA;
WILLIANICE SOARES MAIA.
REVISITANDO
OS OBJETIVOS DA EDUCAÇÃO
Trabalho solicitado pela docente Socorro Holanda, da
disciplina de Didática Aplicada, como requisito para N2.
.
FEVEREIRO/2010.
CASTANHO, Maria Eugênia e
CASTANHO, Sérgio E. M. Revisitando os Objetivos da Educação. In: LIMA, Passos Alencastro Veiga (org). Didática:
O ensino e suas relações. Campinas, SP. Papirus, 1996.
De
acordo com Maria Eugênia (1996, pg. 53), a educação só pode ser entendida no
contexto das relações sociais de que nasce. A educação é uma das mais
importantes mediações das relações sociais conflitivas e a formulação de seus
objetivos integram essa área de turbulência que é a arena da luta social. Ela
no seio das sociedades mais complexas como as capitalistas industriais, é uma
atividade planejada, que pressupõe o traçamento de objetivos e indicação de
meios para atingi-los.
Harbemas
propõe que não há um conhecimento puro como o que postula a teoria da ciência
pura. Todo o conhecimento está mesclado a algum tipo de interesse, passando por
outras mediações mais elaboradas, mais complexas: do trabalho, da linguagem e
do domínio. Marx mostra o homem produzindo sua existência, pelo trabalho como o
primeiro “fato histórico”. O trabalho funda a vida material humana. Portanto, o
conhecimento é interessado logo não é neutro.
Técnico
é o interesse do homem de pelo trabalho submeter o mundo, controlá-lo,
coloca-lo a serviço da satisfação de suas necessidades. Comunicativo é o
interesse pela linguagem relacionar-se com os outros. E emancipatório é o
interesse de pela articulação entre o conhecimento e a realidade, libertar-se
do domínio de todo poder externo a si mesmo, da natureza, da sociedade e de
ambos introjetados na psique.
A
teoria da educação absorve sem dificuldade a teoria dos interesses cognitivos,
portanto, os objetivos da educação são os resultados buscados pela ação
educativa: comportamentos individuais e sociais, perfis institucionais,
tendências estruturais. A teoria educacional trabalha com a “relação
intencional” dotada de objetividade suficiente para permitir sua apreensão. Os
agentes deflagradores do processo educativos são os professores, que formulam
seus planos de trabalho pedagógico, com objetivos, conteúdos, recursos
didático, e formas de avaliação; as escolas, que traçam seus planos
curriculares, de docência e de pesquisa; e os órgãos do governo e da sociedade
civil, que planejam ou intervém no processo de planejamento dos sistemas de
ensino.
Ainda segundo a autora, a educação é o
processo de inserção de pessoas no mundo cultural, com tríplice objetivo, que
corresponde a três tipos de intenção:
·
Objetivo técnico - corresponde a propiciar
conhecimentos enraizados nas ciências naturais;
·
Objetivo consensual – permitir reconhecer
os obstáculos à relação entre os homens e levar a partir da reflexão crítica, a
ação supressora das opacidades;
·
Objetivo político-cultural – proporcionar
meios, através da reflexão da ciência na práxis, para uma inserção lúcida na
prática social.
Os
objetivos educacionais e as intenções educativas é um referencial teórico para
uma ação libertadora, isso não significa esquecer as desigualdades, apagar as
diferenças, suprimir os conflitos da realidade social, mas, identificar,
descrever e refletir sobre os obstáculos ao entendimento humano, que visem a
libertação do homem diante da opressão/repressão.
Adotando
uma perspectiva emancipatória a educação é vista como um lugar e como
instrumento de libertação das classes subalternas, dos grupos de gêneros, de
etnias discriminadas e dos indivíduos reprimidos. É esta perspectiva, que
permite conferir dignidade e importância ao trabalho do agente educativo em
qualquer instância onde ele se desenvolva.
O
psicólogo Coll e Bolea (1990), afirma que na educação é onde se encontra mais
facilmente as intenções, pois é na escola e no currículo que os objetivos estão
formalizados.
As
fontes para a definição das intenções educativas (e, articuladamente, dos
objetivos educacionais) são de natureza:
Ø Psicológica,
enfatizando o estudo dos interesses e das necessidades do estudante e dando
informações sobre os processos de aprendizagem e desenvolvimento dos alunos;
Ø Epistemológica dos conteúdos,
destacando a herança cultural como origem da intencionalidade na escola e
levando à separação entre conteúdos essenciais e secundários e às relações
entre eles;
Ø Socioantropológica, apontando
para a análise das características e necessidades da sociedade, permitindo
determinar o que deve ser assimilado para o que o estudante venha a ser um
agente de mudança e criação cultural; e
Ø Prático-pedagógica, propiciando
novos posicionamentos (e, pois, intenções) a partir da análise reflexiva e
valorativa da prática pedagógica, do trabalho docente, da experiência
educacional vivida.
O texto nos mostra que a
educação está sempre cheia de intenções, e que essas intenções estão vinculadas
a sistemas de valores e à ideologia predominante na sociedade, mais diretamente
aos grupos que assumem o planejamento e a condução da escola, sendo, portanto,
sujeitas as tensões e conflitos.
Para estabelecer as
intenções em seu acontecer diário, em cada aula, a duas pontas que devem buscar
equilíbrio; de um lado está o professor, responsável direto pela sua
implementação e detentor das informações necessárias para fazer as adaptações
que cada situação educativa exige. Na outra extremidade está a sociedade que
por meio das instituições, tem obrigação de garantir a todos as experiências
educativas básicas para o seu desenvolvimento e sua socialização. O autor ainda
afirma que para concretizar as intenções educativas, há dois tipos de decisões:
1.
Grau
de concretização dos enunciados – podem variar em três
eixos básicos: os das explicitações - enunciados mais ou menos implícitos; o do
tempo requerido – intenções a curto, médio ou longo prazo; e o da
generalidade/especificidade – Que é os objetivos: gerais e específicos:
finalidades e objetivos instrucionais ou operacionais.
2.
Caminhos para concretização das intenções.
Podem ser:
·
Da aprendizagem;
·
Dos conteúdos e;
·
Das atividades.
Cada um desses processos concede caminhos
diferentes na formulação e na concretização das intenções educativas.
Esse
caminho toma como fio condutor de todo o processo a aprendizagem que o aluno
deve ter realizado. Atividades e conteúdos são escolhidos conforme os
resultados.
Para formular e
concretizar as intenções educativas deve-se selecionar cuidadosamente conteúdos
relevantes e pertinentes ao lado da definição dos resultados esperados de
aprendizagem.
O enfoque
racionalista considera possível e legítimo selecionar conteúdos sem levar em
conta os resultados esperados. Nutre-se diretamente das investigações relativas
à epistemologia interna das disciplinas científicas.
A estrutura
epistêmica de uma disciplina pode não ser a mais adequada para o aluno
principiante. Uma boa teoria para o especialista não é necessariamente uma boa
teoria pedagógica. A estrutura lógica não se confunde com a estrutura
psicológica e ambas são muito importantes para o planejamento de ensino.
A idéia básica
subjacente à escolha das atividades de ensino e aprendizagem como fio condutor
para formular as intenções educativas é a de que existem determinadas
atividades que têm valor em si mesmo: trata-se de identificar as atividades de
maior valor educativo intrínseco e favorecer a participação dos alunos nessas
atividades. Isto quer dizer que algumas atividades são válidas por si mesmas e
não precisam de justificação ligada a resultados de aprendizagem a serem
obtidos. Atividades/conteúdos e, em alguns casos,
atividades/conteúdos/resultados esperados, entendendo-se por estes últimos as
capacidades ou processos mentais.
É possível indicar
alguns princípios que podem contribuir para o importante trabalho dos
educadores:
·
A unidade da ciência e pluralidade das
culturas – deveria ocorrer uma intenção educativa sem violência, libertadora.
·
A diversificação das formas de excelência –
O ensino deveria abandonar o culto à “inteligência”, definindo-se padrões
alternativos aos que foram estabelecidos pela cultura aristocrática e burguesa;
·
A multiplicação das chances – O sistema de
ensino deveria procurar novos caminhos de avaliação;
·
A unidade no e pelo pluralismo – Todo o
ensino deve ter caráter público;
·
A revisão periódica dos saberes ensinados
– Os saberes ensinados devem passar por contínuas revisão a fim de que seu
conteúdo não seja banalizado;
·
A unificação dos saberes transmitidos –
Uma unificação sem imposição e fundada, não em uma orientação filosófica,
política ou religiosa, mas num critério como o da história;
·
Uma educação contínua e alternada – A educação
deveria seguir para além dos limites formais da escolarização;
·
O uso das técnicas modernas e de difusão -
O ensino deveria caminhar para uma integração, na escola, das modernas técnicas
de comunicação;
·
A
abertura na e pela autonomia - A escola deve manter-se autônoma para poder
resistir à pressão de poderes externos, mas deve abrir-se para poder crescer e
melhor exercer sua própria autonomia.
Reafirmamos que, em sociedades
dotadas de alguma complexidade, a educação é uma atividade planejada, pressupondo
o estabelecimento de objetivos, de acordos com certas intenções. O trabalho
pedagógico, direcionado ao entendimento deve levar a uma atuação inteligente no
sentido de atingir os objetivos da educação, para que não se firme no espaço da
sala de aula com palavras de ordem que apenas desmobilizam, não levando à
realização de “ações vitais”, como aconselhava Gramsci.
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