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domingo, 9 de novembro de 2014


Universidade Federal do Acre – UFAC.
Centro de Educação Letras e Artes – CELA.
Curso de Letras Português – DPLE.






DIDÁTICA APLICADA






Rio Branco – Acre.
FEVEREIRO/2010.



                                                  

ADRIANA ALVES DE LIMA;
ERISON BENTO DA SILVA;
RAYKA MOREIRA;
SUZANA NASCIMENTO DE LIMA;
WILLIANICE SOARES MAIA.



                                      



REVISITANDO OS OBJETIVOS DA EDUCAÇÃO



Trabalho solicitado pela docente Socorro Holanda, da disciplina de Didática Aplicada, como requisito para N2.









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FEVEREIRO/2010.
CASTANHO, Maria Eugênia e CASTANHO, Sérgio E. M. Revisitando os Objetivos da Educação. In: LIMA, Passos Alencastro Veiga (org). Didática: O ensino e suas relações. Campinas, SP. Papirus, 1996.

De acordo com Maria Eugênia (1996, pg. 53), a educação só pode ser entendida no contexto das relações sociais de que nasce. A educação é uma das mais importantes mediações das relações sociais conflitivas e a formulação de seus objetivos integram essa área de turbulência que é a arena da luta social. Ela no seio das sociedades mais complexas como as capitalistas industriais, é uma atividade planejada, que pressupõe o traçamento de objetivos e indicação de meios para atingi-los.
Harbemas propõe que não há um conhecimento puro como o que postula a teoria da ciência pura. Todo o conhecimento está mesclado a algum tipo de interesse, passando por outras mediações mais elaboradas, mais complexas: do trabalho, da linguagem e do domínio. Marx mostra o homem produzindo sua existência, pelo trabalho como o primeiro “fato histórico”. O trabalho funda a vida material humana. Portanto, o conhecimento é interessado logo não é neutro.
Técnico é o interesse do homem de pelo trabalho submeter o mundo, controlá-lo, coloca-lo a serviço da satisfação de suas necessidades. Comunicativo é o interesse pela linguagem relacionar-se com os outros. E emancipatório é o interesse de pela articulação entre o conhecimento e a realidade, libertar-se do domínio de todo poder externo a si mesmo, da natureza, da sociedade e de ambos introjetados na psique.
A teoria da educação absorve sem dificuldade a teoria dos interesses cognitivos, portanto, os objetivos da educação são os resultados buscados pela ação educativa: comportamentos individuais e sociais, perfis institucionais, tendências estruturais. A teoria educacional trabalha com a “relação intencional” dotada de objetividade suficiente para permitir sua apreensão. Os agentes deflagradores do processo educativos são os professores, que formulam seus planos de trabalho pedagógico, com objetivos, conteúdos, recursos didático, e formas de avaliação; as escolas, que traçam seus planos curriculares, de docência e de pesquisa; e os órgãos do governo e da sociedade civil, que planejam ou intervém no processo de planejamento dos sistemas de ensino.
 Ainda segundo a autora, a educação é o processo de inserção de pessoas no mundo cultural, com tríplice objetivo, que corresponde a três tipos de intenção:
·         Objetivo técnico - corresponde a propiciar conhecimentos enraizados nas ciências naturais;
·         Objetivo consensual – permitir reconhecer os obstáculos à relação entre os homens e levar a partir da reflexão crítica, a ação supressora das opacidades;
·         Objetivo político-cultural – proporcionar meios, através da reflexão da ciência na práxis, para uma inserção lúcida na prática social.
Os objetivos educacionais e as intenções educativas é um referencial teórico para uma ação libertadora, isso não significa esquecer as desigualdades, apagar as diferenças, suprimir os conflitos da realidade social, mas, identificar, descrever e refletir sobre os obstáculos ao entendimento humano, que visem a libertação do homem diante da opressão/repressão.
Adotando uma perspectiva emancipatória a educação é vista como um lugar e como instrumento de libertação das classes subalternas, dos grupos de gêneros, de etnias discriminadas e dos indivíduos reprimidos. É esta perspectiva, que permite conferir dignidade e importância ao trabalho do agente educativo em qualquer instância onde ele se desenvolva.
O psicólogo Coll e Bolea (1990), afirma que na educação é onde se encontra mais facilmente as intenções, pois é na escola e no currículo que os objetivos estão formalizados.
As fontes para a definição das intenções educativas (e, articuladamente, dos objetivos educacionais) são de natureza:
Ø  Psicológica, enfatizando o estudo dos interesses e das necessidades do estudante e dando informações sobre os processos de aprendizagem e desenvolvimento dos alunos;

Ø  Epistemológica dos conteúdos, destacando a herança cultural como origem da intencionalidade na escola e levando à separação entre conteúdos essenciais e secundários e às relações entre eles;

Ø  Socioantropológica, apontando para a análise das características e necessidades da sociedade, permitindo determinar o que deve ser assimilado para o que o estudante venha a ser um agente de mudança e criação cultural; e

Ø   Prático-pedagógica, propiciando novos posicionamentos (e, pois, intenções) a partir da análise reflexiva e valorativa da prática pedagógica, do trabalho docente, da experiência educacional vivida.

O texto nos mostra que a educação está sempre cheia de intenções, e que essas intenções estão vinculadas a sistemas de valores e à ideologia predominante na sociedade, mais diretamente aos grupos que assumem o planejamento e a condução da escola, sendo, portanto, sujeitas as tensões e conflitos.
Para estabelecer as intenções em seu acontecer diário, em cada aula, a duas pontas que devem buscar equilíbrio; de um lado está o professor, responsável direto pela sua implementação e detentor das informações necessárias para fazer as adaptações que cada situação educativa exige. Na outra extremidade está a sociedade que por meio das instituições, tem obrigação de garantir a todos as experiências educativas básicas para o seu desenvolvimento e sua socialização. O autor ainda afirma que para concretizar as intenções educativas, há dois tipos de decisões:
1.      Grau de concretização dos enunciados – podem variar em três eixos básicos: os das explicitações - enunciados mais ou menos implícitos; o do tempo requerido – intenções a curto, médio ou longo prazo; e o da generalidade/especificidade – Que é os objetivos: gerais e específicos: finalidades e objetivos instrucionais ou operacionais.
2.      Caminhos para concretização das intenções. Podem ser:
·         Da aprendizagem;
·         Dos conteúdos e;
·         Das atividades.
Cada um desses processos concede caminhos diferentes na formulação e na concretização das intenções educativas.
            Esse caminho toma como fio condutor de todo o processo a aprendizagem que o aluno deve ter realizado. Atividades e conteúdos são escolhidos conforme os resultados.
Para formular e concretizar as intenções educativas deve-se selecionar cuidadosamente conteúdos relevantes e pertinentes ao lado da definição dos resultados esperados de aprendizagem.
O enfoque racionalista considera possível e legítimo selecionar conteúdos sem levar em conta os resultados esperados. Nutre-se diretamente das investigações relativas à epistemologia interna das disciplinas científicas.
A estrutura epistêmica de uma disciplina pode não ser a mais adequada para o aluno principiante. Uma boa teoria para o especialista não é necessariamente uma boa teoria pedagógica. A estrutura lógica não se confunde com a estrutura psicológica e ambas são muito importantes para o planejamento de ensino.
A idéia básica subjacente à escolha das atividades de ensino e aprendizagem como fio condutor para formular as intenções educativas é a de que existem determinadas atividades que têm valor em si mesmo: trata-se de identificar as atividades de maior valor educativo intrínseco e favorecer a participação dos alunos nessas atividades. Isto quer dizer que algumas atividades são válidas por si mesmas e não precisam de justificação ligada a resultados de aprendizagem a serem obtidos. Atividades/conteúdos e, em alguns casos, atividades/conteúdos/resultados esperados, entendendo-se por estes últimos as capacidades ou processos mentais.
É possível indicar alguns princípios que podem contribuir para o importante trabalho dos educadores:
·         A unidade da ciência e pluralidade das culturas – deveria ocorrer uma intenção educativa sem violência, libertadora.
·         A diversificação das formas de excelência – O ensino deveria abandonar o culto à “inteligência”, definindo-se padrões alternativos aos que foram estabelecidos pela cultura aristocrática e burguesa;
·         A multiplicação das chances – O sistema de ensino deveria procurar novos caminhos de avaliação;
·         A unidade no e pelo pluralismo – Todo o ensino deve ter caráter  público;
·         A revisão periódica dos saberes ensinados – Os saberes ensinados devem passar por contínuas revisão a fim de que seu conteúdo não seja banalizado;
·         A unificação dos saberes transmitidos – Uma unificação sem imposição e fundada, não em uma orientação filosófica, política ou religiosa, mas num critério como o da história;
·         Uma educação contínua e alternada – A educação deveria seguir para além dos limites formais da escolarização;
·         O uso das técnicas modernas e de difusão - O ensino deveria caminhar para uma integração, na escola, das modernas técnicas de comunicação;
·          A abertura na e pela autonomia - A escola deve manter-se autônoma para poder resistir à pressão de poderes externos, mas deve abrir-se para poder crescer e melhor exercer sua própria autonomia.

Reafirmamos que, em sociedades dotadas de alguma complexidade, a educação é uma atividade planejada, pressupondo o estabelecimento de objetivos, de acordos com certas intenções. O trabalho pedagógico, direcionado ao entendimento deve levar a uma atuação inteligente no sentido de atingir os objetivos da educação, para que não se firme no espaço da sala de aula com palavras de ordem que apenas desmobilizam, não levando à realização de “ações vitais”, como aconselhava Gramsci.

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