Agora, nós faremos uma leitura compartilhada do Anexo 01. O objetivo da leitura desse artigo de opinião é identificarmos os elementos da comunicação que são predominantes no texto.
ANEXO 02. Entre Brumadinho e Mariana, a devastação do homem e da
natureza
A
realidade é que esta lógica de dilaceração do meio ambiente está no cerne na
mineração
Daniel de Faria Galvão
Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG)
31 de Janeiro de 2019 às 15:20
A treva mais estrita já pousara
sobre a estrada de Minas, pedregosa,
e a máquina do mundo, repelida,
se foi miudamente recompondo,
enquanto eu, avaliando o que perdera,
seguia vagaroso, de mãos pensas.
Carlos Drummond de Andrade
– Trecho do poema “A máquina
do mundo”
O escritor e crítico literário José Miguel Wisnik, em seu livro
“Maquinação do mundo” (2018), em que debate a existência de intrínsecas
relações entre a obra poética de Carlos Drummond de Andrade e a crítica à
exploração minerária, especialmente pela VALE, já afirmava de maneira enfática
que a o escritor tocou em uma ferida aberta, a degradação ambiental e da vida
afetadas pela mineração.
Essa ferida toma forma à luz das inúmeras violações à segurança
laboral praticadas no crime socioambiental de Mariana. A esse respeito, a juíza
do trabalho Graça Maria Borges de Freitas, da Vara do Trabalho de Ouro Preto,
responsável por julgar as ações indenizatórias movidas pelas famílias dos
trabalhadores mortos, afirmava ser imprescindível não esquecer que “o maior
desastre ambiental da história do Brasil foi também a tragédia anunciada dos
níveis precários da segurança do trabalho em nosso País”.
Nesse sentido, foram verificadas pela Superintendência Regional do
Trabalho e Emprego em Minas Gerais (SRTE-MG) inúmeras falhas na segurança da
barragem como dispositivos de monitoramento ausentes por supressão e/ou
inoperantes; dispositivo de monitoramento inexistente; não cumprimento de
programa de manutenção; adiamento de neutralização; não eliminação de risco conhecido;
falta de critérios para correção de inconformidades; ausência de projeto; falta
de manutenção preventiva.
Em outras palavras, as mortes de 19 pessoas em Mariana (incluindo 14
trabalhadores e dentre esses 13 terceirizados) não se deram por acidente.
Também não ocorreram por acaso os danos irreparáveis às “comunidades rurais e
urbanas, inclusive indígenas, empresas, cidades, proprietários de terra
ribeirinhos, ao menos um parque estadual, pescadores, turistas, fauna e flora e
todos os que dependiam direta ou indiretamente do Rio Doce para sobreviver”
(TRT3, 2018).
Esses danos e violações são o resultado da superexploração dos
trabalhadores e da destruição ambiental ínsitas da atividade mineradora em sua
sanha pelo lucro e que agora, pouco mais de três anos depois do crime de
Mariana, dão novamente as caras no crime de Brumadinho. Embora seja cedo para
especificar com precisão todos os danos provocados pelo crime da VALE (dona de
50% da SAMARCO, empresa responsável pelo crime de Mariana em 2015) dados preliminares
dão conta que o rompimento da barragem da Mina do Feijão, em Brumadinho,
ocasionou resultados simplesmente aterradores. São centenas de mortos e
desaparecidos, sendo boa parte desses mortos e desaparecidos trabalhadores e
terceirizados da própria Vale.
E engana-se quem possa pensar que a lógica do lucro a todo custo
praticada pela Vale seja recente na atividade de exploração minerária. É
verdade que os últimos 50 anos, os malefícios da indústria mineradora
tornaram-se ainda mais perniciosos. Como relatado pelo economista francês
François Chesnais, as décadas finais do século XX e as duas primeiras do atual
século representaram uma verdadeira crise civilizatória, com a intensa
modificação do modelo produtivo vigente. O capitalismo adota um modelo que
parece não se preocupar com qualquer demanda outra que não seja a própria
lucratividade. A financeirização do capital (criando um capital
majoritariamente sem lastro e sem qualquer retorno para a atividade produtiva)
e a busca cada vez mais crescente pela competitividade fizeram ressaltar os
problemas de um sistema baseado em premissas originariamente excludentes.
Por outro lado, é imperioso ressaltar que o processo de destruição da
vida humana e do meio-ambiente revelam base secular. É o que já demonstrava
Zola, em fins do século XIX, quando expôs em Germinal as desumanizantes
condições laborais dos trabalhadores das minas de carvão do norte da França. É
o que também revelava a corrida pelo ouro do período colonial brasileiro, na
mesma castigada região das Minas Gerais, palco dos dois crimes sob análise. A
escravidão e os maus tratos praticados contra o povo negro refletem seus
efeitos até os dias atuais, na massa de cidadãos desumanizados, sem direitos
mínimos garantidos e continuamente discriminados por sua cor e condição social.
A realidade é que esta lógica de dilaceração da natureza como um todo
(com a vida humana e o meio-ambiente como elementos da natureza) está no cerne
da mineração e o que os defensores de um "capitalismo
verde/sustentável" tem dificuldade de enxergar é que a mera mudança da
legislação ambiental fiscalizatória está longe de representar uma solução
significativa para o problema. Uma resposta realmente efetiva envolve a mudança
radical do modelo de sociedade vigente, o que envolve não só a alteração de uma
lógica de consumo desenfreado, mas de uma falsa noção de "progresso",
baseada em um aumento da produtividade e no desenvolvimento ótimo das forças
produtivas. Como colocado pelo sociólogo Michael Löwy, deve-se desconstruir o
conceito de progresso comumente aplicado, de forma a incluir em sua posição
central um desenvolvimento que leve em conta não o tempo do homem, mas uma
noção de tempo muito mais expandida, o tempo da natureza.
Daniel de Faria Galvão é advogado e mestrando
em Direito do Trabalho pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Disponível
em: https://www.brasildefato.com.br/2019/01/31/artigo-or-entre-brumadinho-e-mariana-a-devastacao-do-homem-e-da-natureza/.
Acesso
em: 13 de Fev de 2019.
Após a leitura compartilhada, em conversa com os alunos, conseguimos identificar: o emissor, a mensagem, o canal, o código utilizado, assim como o receptor.
Nesse momento, iremos observar um modelo de Carta Oficial enviada ao Presidente da República, na qual os alunos utilizarão como modelo para solicitar do atual Presidente soluções para o caso de Brumadinho.
Esta atividade tem como finalidade trabalhar a produção textual.
ANEXO 01. MODELO DE CARTA ENCAMINHADA PARA O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
(Local e data)
Ao
Excelentíssimo
Senhor Presidente da República
Jair
Messias Bolsonaro
Assunto:
ACIDENTE TAM 17.07.2007 – Falta de Segurança no Transporte Aéreo
Senhor
Presidente,
Como já é
de conhecimento público, no último dia 17 de julho ocorreu um terrível acidente
aéreo que causou a morte de mais de 200 pessoas em São Paulo, nas imediações do
Aeroporto de Congonhas. Também é de conhecimento público que os aeroportos
brasileiros precisam urgentemente de investimentos que possam melhorá-los e
trazer mais segurança aos passageiros diante da crescente demanda pelo
transporte aéreo, principalmente em São Paulo.
Dessa
forma, fica o Senhor Presidente da República ciente da minha indignação como
pessoa cidadã e solicito , como medida de segurança:
1. PARA O AEROPORTO DE CONGONHAS
1.1. Proibição,
sem exceções, de sua utilização para pousos e decolagens de aeronaves de grande
porte;
1.2 Restrição na
quantidade diária de fluxo de voos;
1.3 Restrição no
horário de funcionamento diário – das 06h às 22h;
1.4 Perda do
“status” internacional;
1.5
Funcionamento apenas para voos de ponte aérea e regionais;
1.6 Transferência imediata e definitiva dos voos domésticos de caráter nacional para os outros aeroportos de São Paulo;
1.6 Transferência imediata e definitiva dos voos domésticos de caráter nacional para os outros aeroportos de São Paulo;
2. PARA OUTROS AEROPORTOS DE SÃO PAULO
Implementação de
melhorias na infraestrutura, segurança e ampliação dos demais aeroportos com
fluxo aéreo de proporções significativas, bem como dos aeroportos secundários
administrados pelo Governo do Estado de São Paulo (como Jundiaí, Sorocaba e
outros), vez ser urgente a redução do intenso movimento atual de Congonhas.
Atenciosamente,
Aguardo sua resposta por escrito.
(Seu nome completo)
(Endereço completo, telefone, e-mail para contato)
(Endereço completo, telefone, e-mail para contato)
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