No Brasil, o Modernismo surge num contexto sócio-político de crise. Em
fins do século 19, o quadro político da chamada República Velha, quando ainda
vigorava a política do “café com leite”, começa a entrar em colapso diante do
crescimento de uma burguesia industrial, em São Paulo e no Rio de
Janeiro, além de profissionais liberais e de membros do Exército, que passam a
buscar formas próprias de expressão e a reivindicar uma participação mais ativa
na sociedade e na política. Os processos de urbanização e a chegada em massa de
imigrantes europeus para a região centro-sul, aumentando a participação das
classes média, operária e subproletariada na sociedade finissecular brasileira,
coloca em choque o poder estabelecido pelas oligarquias rurais e o poder, ainda
não reconhecido, dos novos estratos socioeconômicos.
Diante desse cenário, os intelectuais brasileiros, na década de 20,
encontram-se obrigados a definir suas posições, o que acaba se refletindo na
formação ideológica da literatura modernista. Começa-se a ler os futuristas
italianos, os surrealistas franceses e os dadaístas; fala-se da psicanálise de
Freud, do cubismo de Picasso, do anarquismo espanhol, da revolução russa… e
desse caldeirão de inquietudes e influências européias, temperadas com o
questionamento das instituições sociais e políticas brasileiras, surgem as
tendências irracionalistas, o tom agressivo diante das formas de arte do
passado, e as atitudes estético-existenciais dos nossos modernistas, entre
eles, Mário de Andrade.
Como movimento, o Modernismo brasileiro nasce com data e local bem definidos: a Semana de Arte Moderna, realizada nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, na cidade de São Paulo. Realizada no Teatro Municipal, a Semana reuniu, pela primeira vez, jovens artistas da literatura, das artes-plásticas, da música e da arquitetura, que apresentaram suas obras e suas concepções sobre a nova arte. Graça Aranha abriu a Semana com uma conferência na qual criticava o academicismo e o conservadorismo da arte brasileira; poemas de Oswald de Andrade e de Manuel Bandeira foram lidos; Villa-Lobos e a pianista Guiomar Novaes se apresentaram; obras de Brecheret, Di Cavalcanti, Anita Malfatti e outros foram expostas; e Mário de Andrade leu, nas escadarias do Teatro, seu ensaio “A escrava que não é Isaura”. O público, acostumado a eventos artísticos mais convencionais, recebeu as novas propostas com um misto de surpresa, indignação e muitas vaias, mas foi justamente Mário de Andrade quem se colocou como o porta-voz do movimento, apaziguando os ânimos nos intervalos das apresentações por meio da explicação dos pressupostos do Modernismo, com seu talento nato para a argumentação e o convencimento.
Como movimento, o Modernismo brasileiro nasce com data e local bem definidos: a Semana de Arte Moderna, realizada nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, na cidade de São Paulo. Realizada no Teatro Municipal, a Semana reuniu, pela primeira vez, jovens artistas da literatura, das artes-plásticas, da música e da arquitetura, que apresentaram suas obras e suas concepções sobre a nova arte. Graça Aranha abriu a Semana com uma conferência na qual criticava o academicismo e o conservadorismo da arte brasileira; poemas de Oswald de Andrade e de Manuel Bandeira foram lidos; Villa-Lobos e a pianista Guiomar Novaes se apresentaram; obras de Brecheret, Di Cavalcanti, Anita Malfatti e outros foram expostas; e Mário de Andrade leu, nas escadarias do Teatro, seu ensaio “A escrava que não é Isaura”. O público, acostumado a eventos artísticos mais convencionais, recebeu as novas propostas com um misto de surpresa, indignação e muitas vaias, mas foi justamente Mário de Andrade quem se colocou como o porta-voz do movimento, apaziguando os ânimos nos intervalos das apresentações por meio da explicação dos pressupostos do Modernismo, com seu talento nato para a argumentação e o convencimento.
Em linhas gerais, verifica-se na prosa posterior a 45:
a) A
negação do compromisso com a narrativa referencial, ligada a acontecimentos e à
representação realista da realidade.
b) O espaço exterior
passa para segundo plano; a narrativa centra-se no espaço central das
personagens, realçando-lhes as características psicológicas em detrimento das
características físicas.
c) Altera-se
a linguagem romanesca tradicional. O texto deixa de ser a narrativa de uma aventura para tornar-se a aventura de uma narrativa. A continuidade temporal é abalada,
desfazendo-se a ordem cronológica e, muitas vezes, fundindo-se presente,
passado e futuro. A experimentação lingüística e temática formal é levada a
extremos. O gênero narrativo deixa-se contaminar mais por outros gêneros, sendo
comum à fusão narração - dissertação.
d) A prosa urbana enfoca
o conflito do indivíduo frente à sociedade, e a prosa regionalista renova a sua
temática e forma de expressão.
e) O
afastamento cada vez maior da verossimilhança faz com que apareça o realismo fantástico, no qual se acentua
a distância entre o estranho e o maravilhoso. Plena utilização de uma linguagem
excessivamente metafórica, o autor procura muitas vezes analisar a nossa
realidade social.
A segunda geração modernista iniciou-se em 1930 e estendeu-se até 1945. O
momento histórico era de total conflito em decorrência da I Primeira Guerra
Mundial e consonância com a segunda.
O regionalismo é um movimento literário que se caracteriza pela recriação
ficcional ou poética da linguagem, da ambiência e dos tipos humanos de uma
região. Na literatura ocidental, o regionalismo é conseqüência do romantismo,
cujos padrões estéticos assimilou. Entre os elementos do romantismo estavam à
valorização da natureza, dos temas patrióticos e das viagens a terras
distantes, que contribuíram para o aparecimento dos romances históricos, dos
temas exóticos e, mais tarde, do romance regionalista. Entre as características
do regionalismo está à oposição entre o meio rural e o meio urbano,
identificando-se o primeiro ao regional e o segundo ao universal. Por essa
razão, a literatura regionalista foi mais importante nos países onde não havia
grandes metrópoles que centralizassem as manifestações culturais.
O regionalismo no Brasil é
muito diferenciado, temos culturas do mundo inteiro, povos também a base dos
estrangeiros no Brasil são: os brancos dos europeus, o negro da africa e o
nativo do Brasil, os índios que aqui já moravam quando os portugueses chegaram.
Devido ao fato de a povoação do Brasil ter ocorrido em regiões distintas e
distantes entre si (litoral nordestino, litoral fluminense e interior mineiro,
por exemplo), o traço cultural de cada região influenciou o próprio
desenvolvimento idiomático do português, ao longo da história. Em outras
palavras, em cada região brasileira a língua portuguesa sofreu diferentes
influências culturais, e por isto incorporou diferentes formas de expressão, o
que aos poucos deu origem a diferentes dialetos, diferentes modos de expressar ou representar uma mesma
idéia ou história, um mesmo sentimento ou conceito.
Contexto
histórico
Ao longo do século
XIX, surgem escritores voltados à produção de obras saudosistas,
que se propõem a realizar uma retomada romântica
do Brasil dos séculos XVI, XVII
e XVIII.
Por conta disto, costuma-se estudar o
regionalismo a partir dos romances coloniais de José
de Alencar e das poesias indianistas de Gonçalves
Dias, que no século XIX nascem daquela aspiração patriótica
de fundar a nobreza do país em um passado mítico,
estando muito presente o conceito de cor local
nas obras. Esta aspiração põe o regional
acima do nacional, e esta pode ser a definição mais simples e eficiente
a respeito do que vem a ser o sentimento regionalista. São obras simbólicas
dessa época O Gaúcho e O Sertanejo,
ambas de José de Alencar!
No começo do século XX
a matéria rural voltou a ser tomada a sério, assumida nos seus precisos
contornos físicos e sociais dentro de uma concepção mimética de prosa. É o caso do
regionalismo de Valdomiro Silveira e de Simões Lopes Neto, que resultou de um
aproveitamento literário das matrizes regionais.
Simões Lopes Neto chega a transpor para o
português escrito a linguagem própria do gaúcho, com termos castelhanos
e expressões características. Algo muito semelhante fazem os Modernistas,
ao buscar no interior do país a síntese do próprio Brasil. [Macunaíma], de Mário de Andrade, também transpõe a linguagem do
brasileiro – no caso, do nortista e do nordestino – com termos indígenas
e expressões populares.
Mais tarde, em Guimarães
Rosa, o regionalismo sofre uma metamorfose
que o trará de novo ao cerne da ficção brasileira. É a permanência e
transformação do regionalismo no Romance
de 30 de escritores como o baiano Jorge Amado,
o gaúcho Erico Verissimo, o paraibano José Lins do Rego e o
alagoano Graciliano Ramos. Aqui, o autor realista descreve
sua terra e sua gente não com exaltação, mas de maneira mais centrada e
reflexiva, numa tentativa de compreender o momento presente, as desigualdades
sociais, a formação da elite etc.
Esta é, aliás, a grande diferença entre o
regionalismo visto pelos românticos e o regionalismo ressaltado pelo Realismo. No
primeiro havia um sentimento de idealização, de caráter otimista, de exotismo,
ao passo que no segundo investiga-se o humano em suas relações com o meio, com
a linguagem, a paisagem e a cultura de uma determinada região.
Contemporaneamente, alguns textos
(especialmente os de investigação histórica) preservam matizes fortes de
regionalismo, como no caso dos gaúchos Luiz Antônio de Assis Brasil, Fernando
Neubarth, Valesca de Assis, Pedro Stiehl.
- BOSI, Alfredo.
História concisa da Literatura Brasileira. São Paulo: Cultrix, 1994. 42
ed.
- MOREIRA, Maria
Eunice. Regionalismo e Literatura no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: EST,
1982.
Nenhum comentário:
Postar um comentário