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domingo, 9 de novembro de 2014

ANÁLISE DO TEXTO YURAIÁ - O RIO DO NOSSO CORPO DE JOÃO DAS NEVES

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE – UFAC.
CENTRO DE EDUCAÇÃO LETRAS E ARTES – CELA.
CURSO DE LETRAS PORTUGUÊS.








LITERATURA E ORALIDADE












RIO BRANCO – ACRE.
JUNHO/2010


ADRIANA ALVES DE LIMA;
IDUL SANTOS MODESTO FILHO;
WILLIANICE SOARES MAIA.



                                      



LITERATURA E ORALIDADE




Trabalho solicitado pela docente Henrique Silvestre, da disciplina de Literatura e Oralidade como requisito para N2.








RIO BRANCO – ACRE.
JUNHO/2010.

Este trabalho tem o objetivo de fazer uma análise do texto Yuraiá – O rio do nosso corpo de João das Neves, que é um teatro que retrata a vida indígena, costumes, tradições e linguagem. A presença do narrador é muito importante na descrição dos acontecimentos no teatro, pois é ele quem narra todas as entradas do teatro. De acordo com Benjamin “o narrador não está de fato entre nós, em sua atualidade viva. Ele é algo de distante, e que se distancia ainda mais.” A narrativa não esta interessada em transmitir o puro em si da coisa narrada como uma informação ou um relatório. Ela mergulha a coisa na vida do narrador para em seguida retirá-la dele. Assim se imprime na narrativa a marca do narrador, como a mão do oleiro na argila do vaso. (Benjamim, 1940).
No caso do narrador de Yuraiá, ele narra à abertura de cada ato. Portanto, o que nos interessa nessa análise é a presença da oralidade no teatro. A voz é a peça central no teatro. Abordando sobre a voz, Zumthor discorre que a “voz é querer dizere vontade de existência, lugar de uma ausência que, nela, se transforma em presença; ela modula os influxos cósmicos que nos atravessam e captam seus sinais: ressonância infinita que faz cantar toda matéria...” (Zumthor, 1997), ele ainda aborda que a linguagem é impensável sem voz.
No texto teatral Yuraiá representa a realidade na sua totalidade, as oralidades vão decorrendo com a ação dos personagens. As vozes vão se imbricando, às vezes até mesmo incoerentes, porém, o movimento corporal traz coerência a conversação. Os diálogos decorrem de tal forma e muda de contexto tão rapidamente que só pode ser percebido na oralidade.
O narrador várias vezes interrompe o texto para narrar às vezes o ambiente, às vezes os acontecimentos. O diálogo se inicia a cada presságio, assim vão surgindo novos personagens nos diálogos e novos contextos. O movimento oral é representado pelas vozes que se encontram a todo instante.
Zumthor discorre essa comunicação como “uma situação de comunicação primaria oral (o ator fala comigo) provoca uma situação secundaria (ele fala com outro ator), colocada ficticiamente como primaria; e o poder do jogo em minha consciência chega ao ponto de apagar o sentimento desta ficção: eu me identifico com o receptor dessas palavras, com o portador da voz que responde”.
Ele inda continua focando na linguagem teatral e a “poetização teatral torna a descrição das circunstancias supérflua: um cenário, quando existente, as simboliza, mas, em relação ao que o ouvinte-espectador percebe imediatamente, ele o faz de forma redundante. Esta redundância pesa muito na mensagem dramática e, periodicamente, vemos ressurgir formas de teatro de ação que tentam reduzir a distancia entre as duas situações de comunicação, e, deste modo, usar moderadamente o cenário. No teatro, o gesto tem maior amplitude: toda cena se organiza em torno dele.O gesto, assim, ao invés de reprimir, valoriza a linguagem. Esta explicita a significação do gesto. Cria-se entre ambos uma tensão da qual deriva a força teatral.Assim, a voz humana, ligada pela obra de arte a totalidade da ação representada, unifica os seus elementos. Nestes, ficticiamente, se encontram sua causa e seu fim, e com isso ela os justifica...” (Zumthor, 1997).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política. Ensaios sobre Literatura e história da cultura. Ed. 7. São Paulo, 1994.
NEVES, João das. Yuraiá – O rio do nosso corpo.
ZUMTHOR, Paul. Ed. Hucitec Ltda. São Paulo, 1997.


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