UNIVERSIDADE
FEDERAL DO ACRE – UFAC.
CENTRO
DE EDUCAÇÃO LETRAS E ARTES – CELA.
CURSO
DE LETRAS PORTUGUÊS.
LITERATURA
E ORALIDADE
RIO BRANCO – ACRE.
JUNHO/2010
ADRIANA ALVES DE LIMA;
IDUL
SANTOS MODESTO FILHO;
WILLIANICE
SOARES MAIA.
LITERATURA
E ORALIDADE
Trabalho solicitado pela docente Henrique Silvestre,
da disciplina de Literatura e Oralidade como requisito para N2.
RIO BRANCO – ACRE.
JUNHO/2010.
Este
trabalho tem o objetivo de fazer uma análise do texto Yuraiá – O rio do nosso
corpo de João das Neves, que é um teatro que retrata a vida indígena, costumes,
tradições e linguagem. A presença do narrador é muito importante na descrição
dos acontecimentos no teatro, pois é ele quem narra todas as entradas do
teatro. De acordo com Benjamin “o narrador não está de fato entre nós, em sua
atualidade viva. Ele é algo de distante, e que se distancia ainda mais.” A
narrativa não esta interessada em transmitir o puro em si da coisa narrada como
uma informação ou um relatório. Ela mergulha a coisa na vida do narrador para
em seguida retirá-la dele. Assim se imprime na narrativa a marca do narrador,
como a mão do oleiro na argila do vaso. (Benjamim, 1940).
No
caso do narrador de Yuraiá, ele narra à abertura de cada ato. Portanto, o que
nos interessa nessa análise é a presença da oralidade no teatro. A voz é a peça
central no teatro. Abordando sobre a voz, Zumthor discorre que a “voz é querer
dizere vontade de existência, lugar de uma ausência que, nela, se transforma em
presença; ela modula os influxos cósmicos que nos atravessam e captam seus
sinais: ressonância infinita que faz cantar toda matéria...” (Zumthor, 1997),
ele ainda aborda que a linguagem é impensável sem voz.
No
texto teatral Yuraiá representa a realidade na sua totalidade, as oralidades
vão decorrendo com a ação dos personagens. As vozes vão se imbricando, às vezes
até mesmo incoerentes, porém, o movimento corporal traz coerência a
conversação. Os diálogos decorrem de tal forma e muda de contexto tão
rapidamente que só pode ser percebido na oralidade.
O
narrador várias vezes interrompe o texto para narrar às vezes o ambiente, às
vezes os acontecimentos. O diálogo se inicia a cada presságio, assim vão
surgindo novos personagens nos diálogos e novos contextos. O movimento oral é
representado pelas vozes que se encontram a todo instante.
Zumthor
discorre essa comunicação como “uma situação de comunicação primaria oral (o
ator fala comigo) provoca uma situação secundaria (ele fala com outro ator),
colocada ficticiamente como primaria; e o poder do jogo em minha consciência
chega ao ponto de apagar o sentimento desta ficção: eu me identifico com o
receptor dessas palavras, com o portador da voz que responde”.
Ele
inda continua focando na linguagem teatral e a “poetização teatral torna a
descrição das circunstancias supérflua: um cenário, quando existente, as
simboliza, mas, em relação ao que o ouvinte-espectador percebe imediatamente,
ele o faz de forma redundante. Esta redundância pesa muito na mensagem
dramática e, periodicamente, vemos ressurgir formas de teatro de ação que
tentam reduzir a distancia entre as duas situações de comunicação, e, deste
modo, usar moderadamente o cenário. No teatro, o gesto tem maior amplitude:
toda cena se organiza em torno dele.O gesto, assim, ao invés de reprimir,
valoriza a linguagem. Esta explicita a significação do gesto. Cria-se entre
ambos uma tensão da qual deriva a força teatral.Assim, a voz humana, ligada
pela obra de arte a totalidade da ação representada, unifica os seus elementos.
Nestes, ficticiamente, se encontram sua causa e seu fim, e com isso ela os
justifica...” (Zumthor, 1997).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BENJAMIN,
Walter. Magia e técnica, arte e
política. Ensaios sobre Literatura e história da cultura. Ed. 7. São
Paulo, 1994.
NEVES,
João das. Yuraiá – O rio do nosso corpo.
ZUMTHOR,
Paul. Ed. Hucitec Ltda. São Paulo, 1997.
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